segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Carta da profª Guiomar Valdez ao Conselho Superior do IFF

Carta da professora Guiomar Valdez ao Conselho Superior do IFF:
Ao Conselho Superior do Instituto Federal Fluminense
Carta/registro da servidora Profª Guiomar do Rosário Barros Valdez – Pró-Reitora de Desenvolvimento Institucional e participante como candidata à Direção Geral do câmpus campos-Centro.
Em Reunião do dia 16 de dezembro de 2011.
Prezados Conselheiros.
Neste importante momento de homologação dos resultados eleitorais, junto a esta instância máxima e democrática do IFFluminense e frente aos desconcertantes e lamentáveis exacerbamento das interpretações sobre nosso processo eleitoral, exposto de forma sensacionalista em jornais de nossa cidade, desqualificando sem o mínimo constrangimento e cuidado com a integridade da pessoa humana, toda a história reconhecida e acumulada de servidores desta casa, venho solicitar ciência e registro nesta reunião, da carta dessa servidora, expressando um breve balanço desse processo.
ESPERANÇA, BEM-QUERER E BEM-COMUM:
Obrigada a todos e todas, companheiros de caminhada, pelo apoio e votos recebidos nas eleições do IFFluminense no dia 14 de dezembro. Nosso Projeto não teve a maioria dos votos. Procurei ser digna e honrar os votos de confiança que recebi. Com tranquilidade e serenidade enfrentei o ‘bom combate’, buscando fazer um debate crítico de idéias e proposições sobre o nosso câmpus e o IFFluminense, jamais me destemperando, desestabilizando ou desacatando a ordem democrática e republicana desta autarquia, seus servidores e estudantes.
No balanço desse capítulo de nossa história institucional – IFFluminense, procurei cumprir com galhardia, serenidade e coerência meu papel de educadora e cidadã-servidora. Sou fruto também das lutas pela Democracia e pelo Estado de Direito em nosso país e em ‘nossa casa’. Diante de tudo que passamos, especialmente no dia da eleição e nos momentos de apuração, jamais abriremos mão de nossas lutas marcadas com sangue de vida, por um mundo melhor, por uma Educação emancipadora e pela política de consistência democrática e libertadora.
Não nos intimidou, nem desanimou os métodos políticos exacerbados caracterizados por gritos, histeria, pirraças, ‘mãos em riste’, punhos fechados, que se sustentam na negação da história e na alienação. Historicamente sabemos, é só um pouquinho de atenção, o que ações esfumaçadas e proclamadas de democráticas podem trazer para o mundo, inclusive via processo eleitoral, e, não necessariamente pelo ‘golpe’. O que o irracionalismo, os factóides e o uso dos meios de comunicação através da parcialidade e do sensacionalismo podem fazer com a vida democrática (o século XX, infelizmente, foi rico desses exemplos, e deveria ter nos ensinado).
É também, penso eu, a pós-modernidade tardia chegando nas relações políticas e se consolidando – toda fluidez, muitas ações de espetáculo, pirotecnias gestuais, fragmentações dos discursos, o ‘eu’ inflado, o personalismo, a celebridade, a liquidez, a versão dos fatos e não o concreto pensado.Tudo isso, alimentando e se fazendo alimentar pelas diversas carências e frustrações humanas, pela falta de utopias e esperança, pelo coração inseguro, pela alegria sem-graça e pela insatisfação interna de não-realização. É o extravasamento do ressentimento, dos recalques, da infelicidade, da decepção, do reflexo daquilo que nos atormenta no doce e difícil caminho da realização humana – nunca seremos felizes destruindo as pessoas, a sua integridade, a sua história.
Em todo processo, respeitamos e defendemos os espaços constituídos democraticamente das Comissões Eleitorais, bem como, com serenidade, utilizamos do Direito regularmente constituído num Estado Democrático, de solicitar esclarecimentos quando houvesse dúvidas de qualquer procedimento. Não nos exacerbamos quando o contraditório se apresentava. Republicanamente agíamos, com o fim de preservar interna e externamente a história de nossa centenária Instituição.
Jamais nos comportamos como desestabilizadores de qualquer forma ou espaços de poder democrático em nossa Instituição, especialmente, quando organizado pelos trabalhadores, como é o nosso caso. Neste momento, e na perspectiva de balanço, caminhamos com ‘passos de formiga’, com uma história democrática mais de aparência do que de essência. Mas nos animemos, pois o que importa é caminharmos é o movimento da vida, nunca pararmos diante dos obstáculos.
Com esperança de que a maturidade reine na construção do bem-querer e do bem-comum em nossa Instituição, em seus novos capítulos históricos a serem construídos.
Atenciosamente.
Profª Guiomar do Rosário Barros Valdez
(Servidora e Pró-Reitora de Desenvolvimento Institucional)

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